segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Por vezes, sinto-me como um palhaço...

Quando chega o fim do dia e descarto as "cascas" que me envolvem, penso nas horas passadas, nas palavras ditas, nos pensamentos que tive e afastei, no que sou afinal.
As "cascas" que me cobrem o corpo, por vezes tintilam ao esfolar as mangas da camisa ou da blusa e arrastam as luzes do palco que é a vida.
As "cascas" da memória são mais lentas e por vezes dolorosas de tão encadeadas que estão umas nas outras, por me obrigarem a lembrar ou relembrar momentos e situações.
Felizmente tenho dias que sorrio do que fiz e disse, das piadas que contei, do alívio que dei às situações carregadas e complicadas que acabo quase sempre por ultrapassar.

É por isso que me sinto, às vezes, uma palhaça!

Quantas vezes disfarcei umas quantas lágrimas bem dolorosas para que o meu filho não se apercebesse, não ficásse também incomodado, não me perguntásse o motivo.
Quantas vezes me aperaltei e fui "laurear a pevide", apresentando um sorriso a quem comigo se cruzava, evitando demonstrar o meu mau-bocado.
Quantas vezes me enchi da maior boa vontade e acalentei alguém que estava deseperadamnte farto de viver....
Quantas veze, sem deixar de ser quem sou como pessoa, faço de conta, conto um conto e acrescento um ponto, saio do salto, pinto a manta e dou a volta por cima...
Quantas vezes... quantas vezes.

Hoje mesmo, ao sair da secretaria onde trabalho (mas que não é considerado "trabalho" no Centro de Emprego... mas esta bronca é outra página para breve), repeti o que vem sendo hábito à hora do almoço.
Os meus "patinhos" do Jardim de Infância, de cabecitas viradas para a entrada do refeitório e olhos arregalados, aguardam a minha chegada. Estão já habituados a que a todos, uns dez ou doze, sejam contemplados com uma festinha nas pernocas, uma careta brincalhona, um beijinho nos cabelos ou enviado pelo vento dos meus lábios.
Aos mais difíceis de alimentar explico os benefícios de comerem tudo para terem músculo, força, para crescerem fprtes e serem bonitos... como o menino grande que tenho lá em casa!
A princesa Inês, a chocolatinha Joyce, o "relvinha" Pedro, o bébé Diogo, a pequena Beatriz, tantos que devem ter muita coisa material mas manifestam falta de amor, de miminhos.
É incrível como aquelas crianças, de melhores ou piores ambientes familiares, demonstram apreciar a minha breve manifestação de carinho e brincadeira.
Quando não o faço, porque não vou ao refeitório, mais tarde vão espreitar-me através das grandes janelas, a chilrear como pardalitos sedentos de um pouco de sol.
Por isso e porque estamos no Carnaval, fui comprar uma "bandelette" de onde bamboleiam dois corações dourados cheios de franjas, como que dois sóis que vão dançar sobre a minha cabeça.
Amanhã a risota vai ser geral, é certo, vai haver reboliço no salão.
Sei que vou fazer uma palhaçada mas vamos todos rir e não há coisa mais linda que o sorriso de uma criança.

E é assim, lembrança encadeada, vou lá atrás no tempo e ouço as gargalhadas do meu filho quando eu lhe fazia cócegas, quando brincávamos... (devia ter tido mais descernimento para o preferir acima de tudo na vida e ter mais tempo para ele).
Hoje continua a saber-me tão bem ouvi-lo gargalhar, virado para o computador...

Cada vez me sinto com maior capacidade para esconder dores ou traumas e se isso é ser palhaço, eu não me importo, desde que viver pese menos e aos outros alivie a dôr.

Podesse eu aliviar-te a ti o incómodo pensamento!!!

"Pobre é aquele que não sabe rir de si mesmo".

Sempre com amor, eu vou voltar.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Quem gostará de mim?

Quando me aninho nas almofadas, com a mão esquerda espalmada no rosto, tal como nasci, embranho-me nos pensamentos mais recônditos da minha memória.
É lá no fundo dos meus cinco ou seis anos que recordo a minh avó.
Calçava-me os "soquettes" brancos de crochet. vestia-me a saia empregueada e a camisinha de muitos botões forrados.
Íamos de fim-de-semana para casa do meu pai, eu e o mano.
Durante anos vivi no meio de uma luta de quem gosta mais de quem.
Foi esse tipo de amor que durante muito tempo acreditei ser normal, o género "ou se ama ou se odeia". Era assim que o amor dos meus mais queridos se manisfestava, amando quem se deixava amar e odiando quem contestava determinado tipo de amor.
Assim a "família" se desmoronou, se separou, se afastou até poucos restarem em grupo.
Talvez por isso, tive sempre pavor de perder mais alguem, de não demonstrar todo o amor por alguém. Cheguei a achar não ser merecedora de ser amada, embora eu fizesse tudo por isso e amásse quem me rodeava.
Uns mais outros menos, sempre me adaptei a todos, me moldei a todos, me anulei para que alguém ou todos me amássem.
Engoli muitas lágrimas de solidão, em momentos em que me senti muito só e desfarcei muitos outros porque a "multidão" em meu redor perssupunha companhia.

A chamada solicão acompanhada.

Até um dia, porque há sempre um dia para qualquer coisa.
Esse "meu dia" chegou quando, ao retocar os olhos borrados de rimel e lágrimas, encarei o espelho e jurei passar a gostar mais de mim.

Foi assim, muitas vezes virada para o meu espelho que ultrapassei medos e angústias, ensaiando palavras e até controlando a respeiração, como que dando-me forças para os embates que cada dia tinha de ultrapassar.

Em tempos "rabisquei, "... a vida passou por mim, deixou marcas mas não tenho nada para contar..."
Hoje, mesmo com as marcas dos anos, eu gosto mais de mim, dou-me mais valor e desvalorizo "quem" e o "que" não me merece preocupação.

É difícil terminar parafrazeando algo já tão batido, mas verdadeiro...........

"Se não gostares de ti, que gostará?!"

Eu vou voltar.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Porque temos medo de chamar nomes aos bois.....

Talvez a frase do título não seja ao estilo das palavras que aqui debito, contudo vem a propósito da minha indignação.
Recebi há dias um mail intitulado "O que nós tínhamos...".
Vinha de alguém que há muitos anos deixara a sua terra, fugido da guerra, mas sentindo-se sempre português, por ela ainda chora quando bate a saudade.
Abri os anexos que desfilaram dezenas de fotografias a preto e branco, cujas legendas datavam dos anos 50 e 60 do século que findou há escassos dez anos.

Portanto, fotografias com pelo menos meio século, uma vida!

Olhei-as uma a uma.
Luanda-Angola-Casino / Lobito-Angola-Hotel X / Luanda-Angola-Praia.
Enormes Avenidas, Baías deslumbrantes, enormes Hospitais, Escolas, Colégios, Cinemas de muitos andares, Praças com quatro ou cinco faixas de rodagem, Piscinas mais que olímpicas, Jardins verdejantes e bem tratados, Bancos...todos os que cá havia e até outros estrangeiros.
Mercados a abarrotar de produtos hortículas e peixes de várias paragens, carnes frescas.
Prédios, muitos automóveis, camionetas, comboios, num vai vem incessante de trabalho e negócio.
Gente e mais gente, brancos e muitos pretos, na sua terra natal......
Imagens de tantas cidades prósperas, civilizadas, modernas, pessoas bem arranjadas, naquelas paragens de clima tórrido.

É certo que mais para o interior, perdominavam os indígenas (naturais da terra) que talvez andasesem descalços sobre a terra quente, comiam as suas mandiocas e bananas e mangas e papaias e cabras e tudo o que a farta natureza lhes dava, isso mesmo, dava!, porque quase não era preciso mexer uma palha, nem cultivar. Só colher, apanhar, desenterrar.

Agora nas cidades! Não vi ninguém descalço, nem chicotes em riste, nem gritos ou tiros, nem crianças famintas nas ruas, nem andrajados pelas esquinas, nem pedintes à porta dos supermercados.
É verdade, já havia o enorme hipermercado Jumbo!

Realmente, a pequenez grassava aqui, em Portugal Continental!
Em Angola imperava a modernidade, o estilo e o chique (de quem podia para é certo), os ícones da música que lá já podiam actuar ( cá, nem pensar), as piscinas cheias de jovens e adultos que aproveitavam o dia do nascer ao pôr do sol.
Cá? Piscinas, algumas, mas só se nos federássemos para competição.
Ah, a tristeza bailava no nosso ser povo melodramático, obediente e aguardando o Sebastião.
Mas éramos e somos trabalhadores e sempre fomos muito acolhedores ou não tivéssemos ido por esse mundo fora e à posteriori não tivéssemos recebido todos os que vinham de tantas paragens....
As praias vibravam com últimos modelos de bikinis que eram proibidos.
Claro que sempre houve e haverá diferenças de classes, gente com mais e gente com menos (cada vez mais!).
Mas via-se organização, limpeza, belezas paisagísticas e urbanísticas, desenvolvimento e ordem.

Mas o povo estava muito mal, não era???
E aqui as portas se abriram para receber quem estava desesperado, fugido das bombas, das violações, do dente por dente, da Independência ... para bem daquele povo!

Hoje o mesmo povo, descendente daquele povo (não do que veio fugido para cá!) pode contemplar outras paisagens, fruto da igualdade implantada por eles mesmos, irmão uns dos outros, iguais.

Miséria, fome, minas, destruição.

Prédios esburacados, avenidas atulhadas de lixo, praias cujo areal é um amontoado de vidros e latas, mendigos, milhares crianças que dormem nas ruas sem família, abandonadas ou fugidas, comem dos caixotes do lixo, outros doentes, delinquentes, criminosos, corruptos, políticos, inimigos dos seus próprios semelhantes irmãos...........

Cadé? as piscinas? Viraram pocilgas onde os porcos e galinhas pastam....
Cadé? os hospitais? Existem poucos que suportaram trinta anos de guerra civil e os médicos e enfermeiros fazem esforços hercúleos para tratar sem medicamentos ou meios.
Ah! o mercado paralelo vende a preços proibitivos a maior parte dos donativos que o mundo opressor e colonialista continua a enviar-lhes............
Paralelas à miséria, erguem-se faustosas vivendas, condomínios fechados, guardados por "gurilas" armados e de óculos escuros Armani...
As avenidas com grandes árvores? São um amontodo de carros enferrujados, abandonados, depois de usados, quem sabe se daqueles transformados que da Europa desaparecem......

Mas há Liberdade, "Kafuné", muita Dama, "baita" sexo, muita curtição, muita sida.....
Mas ainda há quem tenha um fato branco, uma pulseira amarela, um sapato preto, um rádio portátil ou um mp3, umas "bjecas", umas garinas de saia curtinha, leggings de lycra, soutient sexy e bunda de fora........

Trabalhar doi muito, por isso as semanas quase sempre são de 3 dias.....

Mas continuam a dizer mal do que lá foi feito e por lá ficou.....até destruirem tudo!

Não me venham pedir satisfações nem donativos, porque eu não dou!

Eu nunca fui a África!
Mas acredito naquele cheiro que me dizem vir da terra e imagino aquele sol que dizem ser maravilhoso, quando vai dormir no horizonte........

Contudo não troco nada pela minha linda Lisboa!
Branquinha ou prateada quando o mesmo sol acorda ou também se deita ao lado do Bugio...

Eu já não acredito no Sebastião, nem no Pai-Natal!
............nem na carochinha e muito menos no Lobo Mau!

É isto que hoje deixo para pensar e eu vou voltar!
Tchau.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Como o tempo passa e nõs crescemos...

Hoje reparei numa face ruborizada, nuns olhos vermelhos que disfarçavam lágrimas teimosas...
Sem querer, ou mesmo querendo porque sou assim, perguntei se precisava de ajuda, porque dôr não era certamente.
Conheço muito bem a dôr que ela sentia.

"... quando se dizem coisas ... vai-se tornando uma cratera ... que às vezes se tapa mas que destapa do outro lado ... por vezes explode e ..."

Dizemos coisas que por vezes não são o que gostaríamos.
A raiva faz-nos deitar pela boca fora o que queremos e o que não devíamos dizer.
É tudo uma questão de diálogo. Um pouco do que disse, veio de dentro, um sopro do passado que embora arrumado lá no fundo, quando é mexido, levanta a poeira que julgamos para sempre varrida.
Para si, a esta hora e se lêr estas palavras, digo-lhe para não deixar os silêncios tomarem conta dos seus momentos, nem as mágoas se tornarem muros demasiads altos para transpôr.

Billy Mills, um índio Lakota, escreveu "Uma Viagem Espiritual" e extraio estas palavras:

A felicidade é um sentimento maravilhoso, faz-nos sentir bem e em paz, dá-nos esperança e força para viver. Temos que perceber o significado antes de sermos felizes.

Tenho a prova de que a melhor poção para a felicidade (palavra grandiosa e que abarca tantos estados disso mesmo....), é o diálogo.
Pior do que não acabar de contar uma história, é nem sequer tentar contá-la.
Pior do que evitar a resposta do nosso interlocutor, é não abrir a boca para lhe falar.
Pior do que temer ficar só, é nada fazer para o evitar.

Mais difícil do que pedir desculpa, é saber que é tarde demais!

Voltei ao meu lugar de desabafos, depois de quase um ano......

" ... Eu consigo recordar
Passo a passo, hora a hora,
Misto de saudade e dôr
Ternura e impaciência,
Por um tempo que passou
Cheio de tanta coisa
E que tanto magoou...

E o frio que me ia na alma....

...Porém, um dia acordei
E não deu mais para escrever,
Os sonhos que tinha de dia
E à noite não queria esquecer...

...As agendas? Ainda as guardo!........"

Eu vou voltar!!!

domingo, 24 de maio de 2009

Quando é preciso ocupar o tempo...

Há coisa de um ano atrás, foi-me recomendada a leitura de "Papalagui", um pequeno livro que contém discursos de um chefe tribal da Ilha Samoa, uma de entre muitas ilhas nos mares do sul.
"Papalagui" é o homem ocidental, o Branco, o Senhor, visto por este indígena (e por todos os daquelas paragens), aquando da sua viagem à Europa, não importa aqui a que propósito nem por quem acompanhado.
A análise que o Chefe faz desse homem, no início do século XX, dá que pensar, por vezes rir mas sobretudo fez-me comparar entre o essencial e o supérfluo, a grandeza e a pequenez, a ingenuidade e estupidez, a liberdade e a obrigação.
Isto por causa do tempo...
"Não tenho tempo...", "Que pesado fardo, se tivesse mais uma hora...", O tempo escapa-se...", "Maldita hora que não acaba...", "Passa o tempo a cavalo...", "Dá-me mais tempo...", "Os dias fogem-me entre os dedos..."
Viu comportamentos, ouviu frazes que todos dizemos, analisou estes homens evoluídos e chegou à conclusão que o homem Branco sofria de doença grave...

" ... o seu coração arde de desejo por qualquer coisa que lhe apetece, mas estraga o prazer porque o sol se pôs e ele deixou para o dia seguinte..."

É verdade, a falta de tempo é uma doença que nos consome, nos controla e açoita nos momentos menos desejáveis; nos momentos bons passa a correr, num ápice, nos momentos maus demora uma eternidade.
Em tempos desejei que cinco minutos fossem horas e hoje tenho horas que desejava fossem segundos!
Essa doença é a obsessão de cumprir horários, tarefas.
Tudo querer, tudo atingir, tudo fazer, tudo dizer e tudo ouvir.
Mas o tempo não estica e por vezes entramos em desvario, num carrocel de incumprimentos, numa ansiedade por não fazer o que queríamos ou que a vida moderna nos exige.
Mas agora tenho tempo a mais e mesmo assim vou deixando de fazer coisas porque não me apetece ou porque assim tenho o que fazer amanhã, sem questionar se amanhã, por qualquer motivo, verifico que afinal não fiz aquilo que devia ou que queria fazer.

Isso mesmo!
Ontem fui dar uma curva, sem companhia, sem horário, sem roteiro, sem entusiasmo desmedido mas porque tinha de sair de casa, espairecer, ver gente, coisas bonitas ou feias, novidades, aberrações, desatinos de estranhos, ouvir sons e sentir cheiros, olhar e ver ou não ver.
Não fui longe por vários motivos, mas fui laurear-me num dos muitos shoppings em Lisboa, rodeada de livros e discos, onde as gentes pululavam num frenesim de entradas e saídas que só o sábado possibilita.
Eu esquecera o dia da semana. Tenho dias em que não me lembro a quantas ando!
Mas pronto, estava lá, alheei-me da multidão, bebi o meu café insípido, olhei em volta, ouvi a miscelânia de vozes e línguas em redor e depois envolvida pela redoma que por vezes me protege, embrenhei-me entre escaparates e prateleiras de livros.
Letras, nomes, datas, autores, temas, histórias, ciências, títulos, autores, nacionais, estrangeiros, traduções, best-sellers, esgotados, vendidos, novidades, em saldo.
Um mar de buscas que meus dedos desfolharam, uma tarde que "comeu" quase três horas da minha vida de um sábado à tarde.
Saí satisfeita com dois livros sob o braço (não, dentro do saco!), com vários títulos apontados na lista já longa para futuras aquisições.

"Mas tens tantos por lêr em casa, porque gastaste agora este dinheiro", disse de mim para mim, enquanto espreitava as lojas de roupas de marca e de sapatos caríssimos que estão fora das minhas prioridades.

O cheiro dos hamburgueres invadia os meus cabelos enquanto bebia mais uma bica, agora no "Starbucks", apinhado de gente que não bebe um café pelo prazer da bebida ou do espaço diferente mas porque é estrangeiro e é um must; eu também fui para ver a diferença mas não tive tempo, estava gente a mais para o meu gosto, o que me tirou a calma da degustação.
Escada abaixo e acima, hesitei em sair ou voltar a entrar.
"Não tens meninos em casa para dar o jantar, pois não?", voltei a me dizer e a me dar razão, por isso reentrei e perdi-me num hiper de desalmado despesismo e fartura de dar dó.

Come-se tanto ou compra-se tanto!

Carros e carros cheios de tudo e mais alguma coisa, filas imensas de gente que se acotovela pelas senhas de atendimento, do pão, da carne, do peixe, dos queijos, dos bolos, das frutas, dos legumes, pelas filas de pagamento, pelas saídas do estacionamento, pelas faixas de rodagem.
Tudo por causa do tempo, para chegar a casa e ainda ir fazer mais não sei quantas coisas.

Cheguei a casa cansada mas ao mesmo tempo satisfeita.
Olhei os livros comprados mas que ainda não abri.
Escrevo a data da compra na segunda folha ou não? Deixei a resposta a esta pergunta para hoje, logo mais, pela noitinha, quando irei decidir e talvez ler um pouco.

AH! Ontem jantei umas fatias de pão de milho com manteiga e uma caneca de café, bem quente!

Soube-me melhor do que uma qualquer iguaria, depois de uma espera num qualquer restaurante, de onde saísse a cheirar a fritos, farta pelo empregado demorar a trazer a conta e ainda para mais sem vista para o mar...

Bem dizia o tal Chefe indígena,
"Regozijem-se pelo facto de poderem dialogar com o sol, das vossas pernas mexerem como um cavalo selvagem... sem refrear o pensamento, há questões para as quais não há resposta..."

Tchau!

sábado, 9 de maio de 2009

Hoje eu fui à feira

Já chovera bastante, o céu ainda estava cinzento, carregado.
Montaram as tendas durante a madrugada e alguns passaram pelas brasas.
O chão secara, estava calor e as pessoas apressadas nas suas compras, embaraçadas pelos sacos dependurados nos braços, despiam os casacos e os Kispos.
A manhã a mais de meio, já cheirava a bifanas, churros e pão quente com chouriço, vendidos nas roulottes, transformados em lotados snacks com esplanadas circundantes, delimitando o espaço comercial.
Nas bancas, as mãos dos "mexilhões" chafurdam na incessante busca de algo que sirva ou agrade.
Pululam os mirones e os pretensos compradores.
Convidam-se os indecisos a aproximarem-se ao som do pregão:
"Freguês venha ver, é só cinco Euro, este aqui é dois"
"Malas liiiinnnndaaaas é de griffe"
"Olha a t-shirt da moda"
"É da Kitty, é Guccy, é Prada, é tudo original"
"É só comprar,vamos freguesisa"
Vozes mal dormidas de homem e de mulher cansada, certamente.
As nossas bolsas estão pouco abonadas de dinheiro.
Os cartões, esgotados, ali não servem para nada.
Mesmo assim, esperamos comprar qualquer coisita que anime o fim de semana, que faça sorrir o filho com roupa nova, que nos faça sentir bonitas com uns sapatitos frescos de verão.
Entre a exposição dos mais variados produtos e as carrinhas, dispensam-se os vendedores, mulheres, quase todas ciganas, de filho ao peito (ou à mama), bolsa suspensa à barriga e olho na mercadoria, não vá ela desaparecer pela mão do cliente sempre sério...
Os putos quase sempre descalços, choram, correm, brigam, pedem comer e não são parcos a pedir e também elas não se coibem de dar tudo pelos filhos.
A criança filho de cigano, não deve ter faltas, não deve ser castigado, pode gritar, pode espernear.
Pode porque os pais acreditam que até aos sete anos, o seu espírito é livre e deve crescer sem excessivo controlo que o faça infeliz.
Pergunto se depois disso será possível controlar os ímpetos do que quer e do que pode ter.
Mas as mães são indubitavelmente carinhosas, controladoras e soberbas das suas crianças.
As raparigas, quais misses desfilando suas toilettes e penteados, creio aproveitarem para se mostrarem aos possíveis noivos.
Os rapazes mais velhos, ajudam na venda e nos estridentes pregões.
Os homens observam, encostados às viaturas ou aos carrões que alguns já ostentam.
Outros deambulam mais afastados, controlando o vai e vem das gentes, em grupos, falam de negócios, das viagens pelo país, do custo das mercadorias nas fábricas, dos milhares gastos e do que ficará de lucro no fim.
No meu silêncio penso realmente quanto sobrará depois de venderem tanta coisa a um ou dois euros e depois de pagarem tantos cachorros, refrigerantes, febras, cervejas, croissants, cafés, hamburgueres, galões, bolos, pão com chouriço, chocolates, pacotes de leite...
E os impostos, será que pagam impostos ou só recebem subsídios?

Olho os anciãos, vestidos de negro para sempre...
... de longas barbas matizadas de branco, que não cortam...

Ufa!
Pirei-me porque o sol voltara radioso, estava muito calor.
No meio de tanta coisa, de tanta porcaria, para mim muito deveria ir para o lixo ou nem sequer autorizado a saír das fábricas!
Se eles vendem produtos contrafeitos, são perseguidos e multados.
Não deveriam antes os fabricantes contrafactores serem controlados na sua produção, não permitindo a saída desses produtos?
Um pouco de tudo ou nada como o que vem (ou vinha?) da China ...
... sem costuras ou baínhas, mal colados, tecidos torcidos, malas mal cosidas, tingimentos mal feitos, perfumes que a nada cheiram, chapéus que encolhem com chuva, camurças feitas de papel, roupa de mulher que nem serve a criança, calças que parecem plástico, calçados que cheiram a chulé e produtos de alimentação que desconheço terem sido controlados pela ASAE ...

A feira continuava abarrotada, os centros comerciais logo também estarão cheios...
Vergonhosamente continuamos o país da Europa com menores ordenados, com menor poder económico e não falemos mais de crise...

No recato da minha casa respiro fundo.
Se é espanhola não sei, mas deleito-me agora com uma laranja sumarenta e doce que me refresca e mata a sede.

"Quanto mais souberes sobre o passado do teu país, melhor entenderás o seu presente"

Amanhã vou ver o mar................................

quinta-feira, 7 de maio de 2009

O tempo não pára, o pensamento voa...

Há quase um ano, escrevi frases saídas da do fundo de mim e prometi de vez em quando expor partes do que tinha guardado, sem ordem nem cronologia.
Hoje, aventuro-me uma vez mais, depois de um interregno propositado (ou desmotivado).

"Não seja o meu tempo
Marca de algum desamor,
Não sejam as mágoas
Culpadas da descrença.

Se os meus olhos brilham,
O meu peito bate, ardente.

E eu, aguardo!

Não, não quero mais,
Na boca o gosto amargo,
Eu quero é fogo, o picante,
As estrelas que cintilam
E o pensamento que pensa...

E eu, aguardo!

Que "baixem" os poetas em mim,
Que o meu peito se abra,
Que diga, cante o que sente,
Nesta euforia, alegre
Força que se adensa
E em mim corre,
Vibra, salta barreiras.

... Eu sou um mar revolto,
de cálidas águas,
... Um turbilhão chamado amor.
E faço uma história sem fim,
Que eu não invento,
E desfraldo bandeiras
Ao sabor do vento..."

Continuo sem comentários, não sei se vale a pena escrever para outrem ou se volto a guardar tudo naquela gaveta, só para mim.

Há muitos anos Afonso de Albuquerque disse,

"... os deuses se serviram para que tudo se cumprisse..."

eu também aguardo que algo aconteça, que alguém me leia e tudo possa mudar.

Eu vou voltar!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Como o tempo passa...

Os dias "fogem" por entre os dedos, tão velozes como a ânsia de viver, como a vontade de ver surgir algo de novo na minha vida, nas nossas vidas. E o tempo passa.
O que há mais de nove meses estava em marcha, foi concluído.
Escrevi a minha história, o meu "Grito de Alma".
Desci às profundezas do meu eu, digeri mágoas, excomunguei fantasmas e estou mais leve porque ... a saudade é a memória do coração.
Gostava de o publicar, após alguns retoques, pelos motivos óbvios.
Haverá por aí algum editor interessado? Estou "on", aberta a contactos e ideias. Não posso deixar esta energia que me invade a mente e me comanda a escrita.
O outro projecto que em simultâneo cresceu, também foi acabado, mas aguarda deliberação oficial, há quase cinco meses.
E veio o Verão, a luz dos dias e as luas das noites, a ansiedade, o calor das ideias e dos desejos.
E chegou o Outono sereno, sorridente nos lábios e nos olhos de quem sente e sonha.
E o Inverno trouxe-me surpresas castradoras: à espera infindável que não cessa e me desassossega as noites já inquietas, junta-se agora o desemprego na alvorada do Ano Novo.
A Crise! A crise que enche as bocas dos que tudo têm e dos que nada têm.
À inflação, à depressão, à recessão, junta-se a "aflição" de não ter trabalho e fazer parte do enorme grupo de mais de 460 mil desempregados (fora os não inscritos), que buscamos algo no meio "confusão" do nada que se nos apresenta.
Todos os dias (e horas) o bombardeamento das notícias de fechos, insolvências, falências de empresas não bafejadas pela benesse governamental de injecções financeiras, quiçá por demais beneficiadas com facilitismos durante anos de incumprimentos e fugas ao fisco.
Está tudo mal em todo o lado, mas neste pequeno país há muito que o desgoverno governa, a corrupção grassa, o desenvolvimento estagna e a apatia impera.
O Mundo é pequeno e o "tudo" é agora um "nada" absoluto.
Cada dia, mal abro os olhos, penso que ao fechar-se uma porta se abrirá uma janela, larga, escancarada à luminosidade que me espera e valerá a pena viver.
Aqui voltei, aqui quero escrever as minhas frases rimadas, os meus desabafos ou desatinos, os pretensos poemas que me nascem da alma, que a boca não soletra mas que às vezes, a mim mesma me surpreendem pela profundidade.

"... Tenho dias que sufoco com tanta informação...
... preciso respirar montanhas verdejantes e beber rios que cantam..."

Chega por hoje, o amanhã é já futuro.

domingo, 20 de abril de 2008

Na calma da tarde

Com um tempo destes que convida ao recolhimento do sofá, penso em frases carinhosas e busco as tais folhas brancas, guardadas sem cronologia e transcrevo-as, aqui sem a tremura da minha mão nervosa, segurando a caneta...

"Quando o sol se ergue, eu penso em ti,
Quando o vento sopra, o teu cheiro está no ar,
Quando me sinto só, ouço tua voz que me chama.
Sempre no silêncio da noite, eu penso em ti,
Na cama onde me deito, imagino tua presença,
No espelho onde me olho, vejo o teu sorriso,
Se um soluço me consome, eu penso em ti.
Se me doi a alma, é por ti que me consomes,
Se te suporto a ausência, é porque sou louca,
E se o tempo passa e é sempre assim,
É porque... eu preciso de ti."


Esta é para pensar: Propõe a ti mesmo um objectivo que dure toda a vida.

Tchau

sábado, 19 de abril de 2008

Ausência que me custa...

Afastei-me por uns dias que foram longos, de tão ocupada que estava. A vida me preocupa, a burocracia me desgasta, a impaciência leva-me a pensar desistir, mas não posso.
Nesta fase já não posso, há mais pessoas em jogo, que dependem de mim e que me ajudam também..
Estou certa que, dentro de poucos meses, vou estar estoirada mas de sorriso escancarado e a festejarmos todos a "obra" concluída.
Então terei mais tempo para a escrita, para a divagação nas palavras, na elaboração de textos que me enchem de entusiasmo. Até lá, limito-me a pequenos apontamentos e frases que partilho com alguém...
E se estou em luta comigo, regresso aos momentos que escrevo para o Amor.

"Hoje por ti estou em luta
Num fogo que m' incendeia
E num desejo que me queima.
Hoje não seguro tanta vontade
Nem disfarço as intenções
Invasoras do meu ser.
Hoje, os teus olhos me despiram
Tua boca cantou na minha
Tuas mãos serpentearam
Pelas estradas da minha pele.
Hoje, sorriste-me porque sim
Agarraste os meus cabelos
Abraçámos esta imensa espera
E convidaste o meu corpo.
Hoje e sempre és tu, sou eu,
O nosso bem querer
Sem regras nem espaço
E damos largas à vontade.

Hoje, qu' importa o tempo.
Que se lixe a hora!

*************

E porque dá que pensar, pensem......

"Fecha sempre as portas com suavidade, inclusive as que encerram etapas da tua vida".

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Fruta ... sem época

Hoje é para ti que estás longe...
A Primavera demasiado quente deixou-nos e um temporal e Inverno veio baralhar-nos o corpo.
Tão depressa destapámos mazelas e de novo repescamos edredons e casacos.
Eu fui apanhada neste vaivém ambiental e há dias que me arrasto de cabeça pesada e corpo martirizado. O sofá não tem o espaço que preciso para esticar a quentura que me invade e a cama é demasiado grande para estar só.
Por ti me ergui para te "falar", por ti seguro na mão dorida um telefone que não toca, de ti espero uma palavra de carinho mas desculpa esta impaciência...
... mesmo que estivesses perto de mim não veria teus olhos por tão enevoados os meus estarem...
... mesmo que aqui estivesses, não conseguiria sentir esse cheiro doce que me deleita ...
... msmo que me pedisse para dançar contigo, de qualquer "jeito" surpreendentemente dir-te-ia NÃO porque as costas rígidas me negam qualquer balanço ...
Para ti estou aqui, mas não estou para nada! Quero silêncio e mesmo esse traz zumbidos que me despertam deste sono febril.
Porque o que nós sentimos não tem tempo nem espaço, de mim para ti o melhor.
Tua.
Aos outros, convido-os a pensar e a opinar - "A vida sem um bom amigo é meia vida."
Tchau.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Quem me dera ir


Fecho a porta aos pensamentos negativos, digo adeus aos hipócritas, estico as costas vergadas pelos dias e embarco na imaginação fértil que me acompanha. O avião levanta voo e o estômago não manifesta desconforto pelo impulso. Estou tranquila e noutra! Chego lá. Hoje dispenso ruas povoadas, templos de deuses, ruínas e busco o deleite numas águas azuis, moles, quentes e relaxo embalada por um sol aconchegante.
Acorda! Tás aqui tás t'afogar!
Vou!!


segunda-feira, 24 de março de 2008

Porquê isto?

Adoro escrever, transmitir sentimentos., divagar sobre comportamentos, exprimir ideias que preenchem o meu viver.
Desde sempre, amigos e família foram os destinatários dos meus postais e cartas, nas mais variadas ocasiões.
Blocos amarelecidos, folhas soltas, papelinhos quase indecifráveis, "Livros Brancos" , guardam anos e anos das minhas memórias, o que vivi e quis viver, feliz e infeliz, retalhos de momentos, de sonhos acordados a meio da noite, em prosa ou em verso.
Às vezes vou relê-los e sorrio porque os mais longínquos transcrevem a inocência e a ingenuidade que perdi.
Muitas vezes arrepio-me porque, apesar da distância, "sinto" de novo o que me fez escrever. Reconheço que não digeri ainda os passados que me magoam, as sensações que me provocam uma tremura fria, difícil de controlar.
Incomodada, mas satisfeita pela construção, pergunto-me amiúde "Fui eu que escrevi isto?"
Guardo-os no sítio do costume, sem ordem, sem datas, só eu sei a cronologia que os organiza. Quem sabe se um dia os publico?!
Quem sabe, alguém dirá que são bem melhores do que muitos que por aí circulam.
Agora, porque me incentivam, porque me pedem, inicio-me nestas "lides" , um método que me amedronta, que me constrange mas que não descarto e vou tentar.
Um comentário, um poema, uma citação, um desabafo, é o que trarei, quando tiver tempo ou me apetecer e depois, logo se vê. Talvez dê liberdade a um ou outro desses rascunhos guardados e que de privados, passem a públicos.
Leio e releio, corrijo e vacilo...
Por hoje chega e porque todos nos queixamos dele sugiro:
"Arranja tempo livre para poderes perdê-lo"


domingo, 23 de março de 2008

Bom Dia!

Hoje estou feliz e, pela primeira vez, pus-me a escrever aqui.

N joy.